O cheiro dos velhos
Evento
Um funcionário público molha os pés numa praia calma, tranquila e deserta, quando é surpreendido por uma velha mendiga cadavérica, desdentada e com cheiro a álcool, que se apodera dos seus sapatos. À respeitosa cordialidade com que procura recuperar os mesmos, a velha retribui com indecifrável postura, que progride da obstinação rabugenta à sádica malvadez. À perplexidade do homem, ante o que atribui à crueldade gratuita de uma desconhecida, opõe-se a determinação da velha em força uma "confissão sincera" de uma ofensa anterior. Numa era orientada para a teatralidade, onde o jogo de fantasias mediáticas e as cores histriónicas embaçam as fronteiras entre "verdade" e "mentira", estará a razão de um dos lados, no meio ou em lugar nenhum?