Em tempos de desconfinamento gradual, o Teatro Municipal do Porto (TMP) decidiu assumir as incertezas, questionar o futuro e organizar cinco conversas online sobre as consequências do abalo no futuro das artes performativas. O ciclo "Nada ficou no lugar, e agora?" decorre entre 18 de junho e 16 de julho, sempre às quintas-feiras, com início às 18,30 horas. A transmissão é assegurada em direto, no Facebook do TMP.


Nos últimos meses, a pandemia veio abalar as bases nas quais assentavam as práticas artísticas e os processos de trabalho dos profissionais de todo um setor já de si tendencialmente marcado pela inquietude criativa e pela instabilidade laboral.


Assim, artistas, programadores, produtores, comunicadores, mediadores e gestores culturais enfrentam agora questões decisivas sobre as formas como passarão a exercer o seu trabalho.


É neste contexto que surge, portanto, o ciclo de conversas online do Teatro Municipal do Porto, iniciativa que, semanalmente, vai desafiar três convidados e um moderador da equipa do TMP, a especularem sobre os possíveis novos contornos das artes performativas num mundo pós-confinamento, onde nada ficou no lugar.


As cinco conversas contarão com interpretação em Língua Gestual Portuguesa.


Consulte o programa completo


18 de junho | 18,30 horas

1. Criação: da experiência sensorial ao digital


Os corpos, a sua fisicalidade e a copresença são componentes que definem as artes performativas. No entanto, o distanciamento social impõe desafios criativos inéditos a artistas cujos corpos, nos últimos meses, passaram a expressar-se sobretudo online e que, continuarão com restrições nas suas próximas criações.


Se é certo que os palcos digitais não substituem a experiência sensorial de um espetáculo ao vivo, como abordarão os criadores do palco esta crescente realidade digital, tanto durante os processos de criação como nos seus espetáculos? Passada a pandemia, haverá rejeição ou, pelo contrário, o digital ganhará espaço, abrindo portas a modelos híbridos de criação que farão questionar os atuais modelos de produção? Será inevitável que a experiência da performance passe também pelos meios digitais?


25 de junho | 18,30 horas

2. Gestão: desafios num mundo pandémico


Muitos são os desafios aos quais os gestores culturais terão de responder num contexto pandémico - desafios que envolvem equipas, artistas e público num triângulo de contornos incertos. No que respeita aos recursos humanos, como estabelecer novos métodos de trabalho, garantir a segurança dos trabalhadores e mantendo a eficácia do funcionamento das instituições? Quais as vantagens do teletrabalho? Como gerir e motivar equipas à distância? Como planear tarefas face às novas necessidades de assistência familiar? Em relação aos artistas, como conciliar medidas de segurança com as especificidades da sua atividade criativa? Como garantir a valorização do trabalho artístico e autoral perante a multiplicação de conteúdos digitais? E por fim, o público. Como ajudá-lo a vencer o medo de contágio? E como persuadir o público que não vence o medo, mas quer ver programação online, a pagar para aceder a esses conteúdos?


2 de julho | 18,30 horas

3. Programação: escolhas em tempos de distanciamento


Depois de meses de uma paragem inesperada e dramática para os artistas que viram os seus espetáculos anulados ou adiados, chegou o momento de uma retoma tão esperada quanto cautelosa. Como programar espaços culturais para públicos com máscaras, em tempos de distanciamento social? Será o aumento do número de récitas a melhor solução para colmatar lotações reduzidas? Que novos formatos surgirão, fruto dos condicionamentos impostos? Voltarão as ruas, tal como acontecia há séculos, a ser o palco por excelência das artes performativas? Pode uma programação online contribuir eficazmente para a descentralização das instituições e dos artistas, compensando as previsíveis dificuldades de uma itinerância dos espetáculos?


9 de julho | 18,30 horas

4. Comunicação: diversificar conteúdos e captar públicos

 

O futuro trará mudanças importantes na forma como as instituições comunicam com os seus públicos. Haverá que (re)traçar perfis, segmentar com maior precisão, conhecer as motivações e a forma como os públicos se posicionam sobre a "nova normalidade". Ferramentas de marketing digital, utilizadas em setores assumidamente comerciais, serão usadas de forma sistemática num setor tendencialmente sem fins lucrativos. A criação de conteúdos digitais será também potencializada e diversificada. Formatos como podcasts, lives, webinars, streamings, entre outros, serão usados cada vez mais na divulgação das atividades e na captação de públicos. Mas até que ponto irão os públicos aderir entusiasticamente a uma previsível avalanche de conteúdos? E como se adaptarão as equipas de comunicação aos novos desafios tecnológicos?


16 de julho | 18,30 horas

5. Mediação: os desafios da digitalização


A digitalização tem trazido desafios e transformações às artes performativas que foram acelerados pela situação de pandemia que ainda vivemos. Estes fazem-se sentir também na relação o(s) público(s). Poderá o recurso ao digital fomentar um acesso mais plural aos projetos artísticos? Que desafios poderão enfrentar os projetos participativos ou desenhados para a intervenção comunitária num contexto digital?

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    Atualizado pela última vez 2022-12-06