Os festivaleiros marcaram presença em três dias (e noites) repletos de música, no regresso do evento ao Parque da Cidade, após os anos da pandemia – segundo a organização, o recinto recebeu 100 mil visitantes. A meteorologia colaborou, não poupando no sol e calor, e na hora da despedida ficou no ar um “até para o ano”.
Uma coisa era comum a novos e a velhos, aos estreantes e aos repetentes, no final da edição de 2022 do NOS Primavera Sound: as caras felizes em corpos cansados. O regresso do evento ao Parque da Cidade apanhou muitos festivaleiros fora de forma, por assim dizer. A pandemia impediu os “treinos”, mas a memória muscular ajudou na hora de voltar a desfrutar de concertos ao vivo, usufruir da música e partilhar emoções.
A sede da espera imposta pela pandemia saciou-se em três dias de banquete musical no Parque da Cidade. O ecletismo do cartaz convocou um público diverso, com mais de dois terços dos visitantes a marcarem presença no evento pela primeira vez.
A animada banda de animação
Coube às personagens de animação dos Gorillaz, cabeças-de-cartaz da derradeira noite do NOS Primavera Sound 2022, encerrar a noite no palco NOS. Damon Albarn e companhia incendiaram a plateia uma derradeira vez, brindando os corpos dançantes com as "malhas" do seu repertório, até à apoteose final com “Clint Eastwood”. No anfiteatro natural feito pista de dança ao ar livre do Parque da Cidade, os britânicos deram colorido à noite, com o rosa dominante na indumentária de Albarn a contrastar com o panamá amarelo de Beck, que se lhe juntou no palco para uma participação extraordinária. Não foi a única surpresa: Little Simz também fez uma aparição, depois do seu concerto em nome próprio no palco Cupra.
Horas antes, os norte-americanos Interpol haviam convocado os seus fiéis para um reencontro, naquela que foi a terceira passagem pelo festival portuense, depois de 2015 e 2019.
Os instrumentos desaparecidos
O rock deu o mote para a derradeira jornada musical no Parque da Cidade. No palco NOS, ao início da noite, os Dinosaur Jr. eram aguardados por algumas dezenas de fãs, que faziam questão de garantir o melhor lugar, mesmo junto à grade que separa a plateia do palco. E a banda norte-americana não desiludiu, apesar dos imprevistos: “Os nossos instrumentos ficaram perdidos no aeroporto, foram parar a Itália! Estamos a tocar com instrumentos emprestados”, atirou Lou Barlow, logo de início.
Mais tarde, a drag queen e ativista LGBT+ brasileira Pabllo Vittar deu show no palco Super Bock. De telemóveis ao alto, para registar cada instante, um número considerável de entusiastas concentrou-se para assistir ao espetáculo oferecido pela artista de tranças louras esvoaçantes.
Beck e Pavement tinham sido os destaques do segundo dia desta edição do Primavera Sound, depois de um arranque marcado pela maior enchente de sempre no recinto, à boleia do terceiro concerto de Nick Cave and The Bad Seeds no festival do Porto. Mais de 35 mil pessoas passaram pelo Parque da Cidade na quinta-feira.
Desceu o pano sobre o Primavera Sound 2022 e a contagem decrescente para a próxima edição já começou. Não é um “adeus”, é um “até para o ano”.
Festivaleiros de mais de 30 países
Os três dias do NOS Primavera Sound trouxeram ao Parque da Cidade festivaleiros oriundos de 33 países distintos, com destaque para Espanha, Reino Unido, Alemanha, França, Itália e ainda Brasil, EUA e Suíça como os principais países de origem. No total, 37% dos espectadores eram de nacionalidade estrangeira. Entre estrangeiros e residentes fora da Área Metropolitana do Porto, 87% deslocaram-se à cidade Invicta propositadamente para o NOS Primavera Sound.
O festival que marcou o regresso dos grandes eventos de música, após o período mais severo da pandemia, foi também um regresso para 31,2% do público, que já estivera presente em pelo menos uma edição anterior do NOS Primavera Sound. Havia mesmo 13% de “recordistas”, que desde 2012 nunca tinham falhado uma edição.
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