Menina Júlia
Evento
August Strindberg cruza-se no caminho da Público Reservado, companhia que cultiva um idiossincrático teatro de repertório, com visitas recentes aos universos de Novarina, Handke, Lagarce ou Pirandello. Agora, e como resposta a um repto do TNSJ, dá a mão a Menina Júlia (1888), peça escrita em apenas duas semanas. Urgência que talvez se explique porque o verbo “amar” é aqui declinado como “febre entrecortada pelas síncopes do ódio”, nas palavras do dramaturgo sueco. Menina Júlia fala-nos de casas e de paredes que teimamos em colar às mulheres, de corpos à solta nas guerras do amor, de uma luta de classes que é indissociável da luta de sexos. Sonata intimista jogada num ringue social, dir-se-ia. Renata Portas olha para este tumulto e formula-lhe desejos: “Gostaria que esta encenação fosse como um baile iniciático: entre a ronda de Schnitzler e os miúdos de Larry Clark, que fosse uma ode à sensualidade, à beleza; e à queda livre, que enunciaram Artaud, Rimbaud, Van Gogh e todos os que se atreveram a ir ao abismo de si mesmos.”