Álvaro Siza: in/disciplina

19/09/2019

Nome: Álvaro Siza Disciplina: tão pouca quanto possível Esta nota confessional - certo dia escrita por Álvaro Siza na guarda interior de um dos seus cadernos de desenho, de formato escolar - serviu de ponto de partida para esta exposição comemorativa do 20.º aniversário do Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Álvaro Siza: in/disciplina revela-nos a salutar inquietude e a insubmissão do seu método criativo que, forjado no cruzamento entre saberes, culturas, geografias, obras e autores, sustentou, ao longo de mais de seis décadas, um constante questionamento da arquitetura a partir, simultaneamente, do que está dentro e fora da disciplina. Com base em trinta projetos realizados entre 1954 e 2019 (construídos ou não), a exposição percorre a trajetória de Álvaro Siza, desde o período da sua formação até à sua plena afirmação autoral, através das suas leituras, dos seus cadernos de esquissos e registos de viagem, dos retratos que dela fizeram fotógrafos e amigos, das publicações seminais que as publicaram e do testemunho pessoal de muitas personalidades que com ela se cruzaram ao longo do tempo.

9kg de Oxigénio

Até 16/02/2020

A Galeria Municipal do Porto inaugura a exposição "9kg de Oxigénio". A exposição resulta do desafio lançado pela Galeria Municipal do Porto ao projeto "Uma Certa Falta de Coerência" para desenvolver um exercício que refletisse sobre a relação entre a prática curatorial independente, autogerida por artistas, e um contexto expositivo institucional. Nesse sentido, "Uma Certa Falta de Coerência", que desenvolve o seu trabalho de forma independente desde 2008, vai apresentar esta exposição em que "testará políticas de produção e formas de entendimento próprias, tomando como ponto de partida o exercício de sobrevivência em condições adversas e sujeitas a opressão institucional". "Uma Certa Falta de Coerência" irá transferir a atmosfera do espaço diminuto que ocupa na Rua dos Caldeireiros, onde se questiona frequentemente a respirabilidade do ar, e apresentará obras de artistas que, ao longo dos últimos anos, tem colaborado com o projeto: Babi Badalov, Daniel Barroca, António Bolota, Camilo Castelo Branco, Merlin Carpenter, Rolando Castellón, June Crespo, Luisa Cunha, Stephan Dillemuth, Loretta Fahrenholz, Pedro G. Romero, Dan Graham, Alisa Heil, Mike Kelley, Ruchama Noorda, Silvestre Pestana, Josephine Pryde e Xoan Torres.

Depois do Estouro

Até 16/02/2020

A Galeria Municipal do Porto inaugura a exposição "Depois do Estouro", que tem curadoria de Tomás Abreu e resulta do projeto concursal "Expo'98 no Porto". "Depois do Estouro" foi selecionada por um júri independente da equipa artística da Galeria Municipal do Porto, composto por Daniela Marinho, investigadora de pós-doutoramento no Departamento de Artes e Estudos Culturais da Universidade de Copenhaga, Miguel Ferrão, que dirige com Eduardo Guerra o projeto artístico Musa paradisiaca, e Nuno Faria, diretor artístico do Museu da Cidade. Esta exposição parte dos efeitos que os desenvolvimentos socioeconómicos e tecnológicos do final do século passado tiveram na cultura contemporânea e "propõe uma reflexão sobre paradoxos das suas consequências, paralelamente desafiando noções de manipulação do tempo". Reúne um conjunto de obras, produzidas no final da última década por 13 jovens artistas que cresceram em Portugal na década de 90, as quais "incidem sobre questões da humanidade, do espaço físico e do tempo": Alice dos Reis, Francisco M. Gomes, Henrique Pavão, Hugo de Almeida Pinho, Igor Jesus, Jorge Jácome, Lúcia Prancha, Mariana Rocha, Mariana Vilanova, Pedro Huet, Rodrigo Gomes, Sara Graça e Tomás Abreu.

Está Aqui

Até 12/07/2020

A exposição assinala os 30 anos da Fundação e os 20 anos do Museu de Serralves, apresentando a programação do Serviço de Artes Performativas entre 1999 e a atualidade. Nasceu e desenvolveu-se através de compromissos entre objetivos aparentemente inconciliáveis: por um lado, a necessidade de apresentar dados concretos (nomes, datas, imagens) que mostrassem onde, como e quando se apresentaram determinados artistas, e refletissem o caráter pioneiro da importância conferida às artes performativas por parte de Serralves; por outro lado, traduz aquilo que parece distinguir imediatamente estas artes: a implicação do espectador, o espírito eminentemente colaborativo, o "aqui e agora”, por oposição ao "isto foi”. Os compromissos passaram por expor documentação e permitir aos seus visitantes saber quem se apresentou em Serralves (e quando, como e onde), ao mesmo tempo que se apresentam elementos que convocavam o tal "aqui e agora”. A documentação foi incorporada através de um processo de colaboração: uma vez selecionadas pelos programadores Cristina Grande e Pedro Rocha as imagens e palavras que melhor ilustrassem os últimos vinte anos da sua programação (entre fotografias de cena e materiais gráficos que anunciavam e acompanhavam as atividades), foi pedido a um designer gráfico, Luís Teixeira, que concebesse um livro que nunca seria publicado, cujas páginas seriam exclusivamente apresentadas nas paredes da Biblioteca de Serralves, juntamente com filmagens de espetáculos e adereços a que os referidos programadores reconheceram especial importância. Ao mesmo tempo, decidiu-se ocupar uma área considerável do mezanino da biblioteca com um objeto que convocasse imediatamente a ideia de teatro e que conseguisse "ativar” o espectador: um pequeno palco à espera de ser ocupado. O visitante pode e deve sentar-se para ler (textos sobre a programação, livros incontornáveis para se entenderem atualmente as artes performativas) e, muito importante, para ouvir testemunhos e memórias de espetáculos escritos por cúmplices especialmente atentos à programação de artes performativas de Serralves — entre artistas, músicos, escritores e atuais ou antigos diretores e programadores de teatros e festivais de música e de performance — e depois lidos por dois atores. Estes testemunhos vieram conciliar o inconciliável: as memórias de determinados espetáculos, ou de concertos e performances — obrigatoriamente subjetivas, incompletas, fragmentárias — constituem o necessário contraponto aos dados, datas, cronologias, documentação. É em grande medida graças a eles que esta exposição não é apenas sobre "o que foi”; também é agora, e também é aqui.

Narrow

Até 19/01/2020

Uma casa que é muito pequena e, dentro dela, um homem que é muito grande. Uma outra casa também muito pequena e, dentro dela, uma mulher também muito grande. Vivem próximos um do outro, emprestam açúcar um ao outro, ou chá, um aspirador, um ovo, as velhas fotografias de família, um pedaço de parede. Parecem perfeitos um para o outro. Mas viver com outra pessoa não é tão simples como parece.

Clube de Teatro Sub 18

Até 29/02/2020

Após a sua criação na temporada passada, o TNSJ quer consolidar os passos dados na formação de um Clube de Teatro, com o intuito de fazer dele um espaço de acolhimento, permanência e progressão de jovens menores de 18 anos atraídos por esta arte. Sob a orientação de Nuno Cardoso, Nuno M Cardoso e Emílio Gomes, as improvisações a que os jovens vão ser desafiados são o ponto de partida para um trabalho em torno da peça Sonho de Uma Noite de Verão, de Shakespeare.

Crisálida

Até 19/01/2020

Crisálida é o processo de crescimento, definição de cores e diferenciação sexual das borboletas. Dentro do casulo, durante este processo, decorrem explosões de cores e é o único tempo onde nada ou pouco se mexem. Luta, resistência e persistência são palavras chave deste espetáculo. Prende-se com a dialética deste trabalho a desmistificação das categorias de género, alicerçadas nas questões existencialistas de Nietzsche, Sartre e Goffman. O ser enquanto indivíduo, o ser social e a criação de novos conceitos que fomentem a descontinuidade da natureza humana são questões que interessam ao criador desenvolver nesta peça. Por analogia, trazer à cena uma estese polissémica onde a técnica circense, o vídeo e algumas experiências plásticas são utilizadas, de forma a suscitarem outros significados e novas sensações em renovados enigmas.

Vive la France!

Até 18/01/2020

O regresso a um dos países mais fascinantes da história da música leva-nos em viagem através de várias épocas, da Idade Média à atualidade. Além dos agrupamentos residentes da Casa da Música, sobem ao palco convidados especiais de grande relevo internacional, como o pianista Pierre-Laurent Aimard, os maestros Sofi Jeannin e Hervé Niquet e o tenor Cyrille Dubois, além do Coro Nacional de Espanha. Nos programas constam obras marcantes como o Te Deum de Berlioz e Les Oiseaux Exotiques de Messiaen, entre muitas outras de figuras como Debussy, Ravel, Charpentier e Boulez. Não perca o início da residência do compositor Philippe Manoury com as primeiras três de várias obras que serão apresentadas ao longo do ano em estreia nacional. O Serviço Educativo apresenta um novo espetáculo inspirado no escritor francês Júlio Verne que promete divertir toda a família. Esteja também atento à programação especial que será oportunamente anunciada para este programa de abertura do Ano França, e que se estende por vários géneros musicais.

Rituais Franceses

18/01/2020

13 €

Repleto de sensualidade, colorido e poder de sugestão, o Prélude à l’Après-Midi d’un Faune de Debussy, baseado em versos de Mallarmé, tem atraído públicos de sucessivas gerações desde a sua estreia em 1894. Este programa ilustra fases diversas da trajectória musical francesa desde então, com obras de três dos compositores mais incontornáveis nesse percurso. De Pierre Boulez ouvir-se-á o Rituel, escrito na década de 1970 em memória de Bruno Maderna, no qual que se tira partido da distribuição dos músicos em oito grupos separados no palco. A fechar o programa, destaca-se a estreia em Portugal de Sound and Fury de Philippe Manoury, um dos mais importantes compositores franceses da actualidade, cuja obra está em retrospectiva na programação da Casa da Música ao longo de 2020.

Se esta rua falasse de Barry Jenkins

18/01/2020

Nova Iorque, década de 1970. Tish e Fonny são dois jovens afro-americanos apaixonados e cheios de esperança no futuro. Quando ele é preso injustamente devido a uma acusação de violação, o casal vê o seu mundo ruir. Algum tempo depois, ao descobrir que está grávida do primeiro filho de ambos, Tish toma uma decisão: encontrar um meio de provar o erro judicial que colocou o namorado atrás das grades para que ele possa assistir, em liberdade, ao nascimento da criança. Com realização de Barry Jenkins (responsável pelo triplamente oscarizado "Moonlight"), um filme dramático sobre injustiça e preconceito que se baseia no romance homónimo de James Baldwin.

Little B

Até 19/01/2020

7 €

“Little B”, a nova criação do Visões Úteis, é um espetáculo concebido, escrito e dirigido por Ana Vitorino, Carlos Costa, Mário Moutinho e Sara Barros Leitão, assumindo e ampliando a dinâmica colaborativa que é marca da identidade da companhia. Inspirado pela biografia profissional de Mário Moutinho – Artista Associado do Visões Úteis em 2018/2019 –, o espetáculo recusa, no entanto, uma perspetiva arquivista ou documentarista: não interessa tanto a vida do Mário, mas a pluralidade de vidas que uma vida pode conter; não tanto a sua vida vivida, mas a sua vida por viver; não tanto aquilo que (d)ele se recorda mas os atalhos, imprecisões e armadilhas da memória que se tornam evidentes quando se tenta arquivar uma vida. Sobretudo, mais do que aquilo que o Mário fez, interessa o que sonhou e falhou fazer - porque é aí que todos nos encontramos: o protagonista de Dumas/Sartre (“Keane”) que nunca fez, o Próspero, rodeado de marionetas, que nunca interpretou, o solo de bateria (“Little B”, The Shadows) que nunca tocou.

Um Plano do Labirinto

Até 19/01/2020

10 €

Sabemos da irreverência das encenações de João Garcia Miguel. Refira-se, por exemplo, o desassombro das suas operações sobre Shakespeare em Burgher King Lear (2007) ou Calderón de la Barca em La Vida Es Sonho (2015). Regressa com Um Plano do Labirinto, adaptando um texto da lavra de Francisco Luís Parreira (na que é já a quarta criação conjunta de “uma estreita e durável relação”), para quem a reverberação das situações históricas ou dos textos antigos que elege é um revelador do que somos hoje – é sua a espantosa tradução do poema babilónico Épico de Gilgameš, um dos textos mais antigos do mundo. Depois de Lilith, associado à crise na Grécia/Europa, de Três Parábolas de Possessão, impregnado de referências bíblicas e do conflito israelo-árabe, e de uma versão livre de Medeia, Um Plano do Labirinto é um polifónico conto mitológico sobre a diáspora portuguesa no século XX, no Oriente e em África, interrogando-se/nos sobre a verdade e a mentira de muitas histórias recolhidas da “nossa” guerra no “Ultramar”. Uma delas, exemplar na sua “indiferença à verdade”, conta um imaterial confronto entre soldados de uma patrulha e uma manada de antílopes na savana inexplorada. “Por que razão mentem estas histórias tão ostensivamente?”

Western Society

Até 18/01/2020

10 €

Damos as boas-vindas a 2020 com Western Society, uma odisseia de trazer por casa, onde a civilização do século XXI cabe por inteiro no interior de uma sala de estar. É uma oportunidade imperdível para o público do Teatro Nacional de São João conhecer os Gob Squad, um coletivo de artistas fundado nos anos 1990 em Nottingham, Inglaterra, mas que opera presentemente a partir de Berlim, Alemanha. Habitam um território em que a banalidade coexiste com a utopia e onde a presença física é amplificada pelas tecnologias digitais, ferramentas que otimizaram para introduzir o mundo real da vida quotidiana no mundo artificial do teatro. Em Western Society, reconstituem em palco a gravação de um vídeo caseiro de uma reunião familiar. Este dispositivo, que convoca a participação ativa dos espectadores, é um revelador dos recantos mais luminosos e escabrosos da cultura contemporânea. Sim, a solidão, o consumismo, a procura de formas alienadas de intimidade, o sortilégio das canções pop, a obscenidade dos reality shows, a Internet como céu e inferno. Western Society é uma sucessão disfórica de janelas que se abrem e se fecham, do palco de teatro ao ecrã de um telemóvel, do maior ao mais pequeno. O mundo encolheu? É isto a felicidade?

aSH

Até 19/01/2020

Conheci a Shantala Shivalingappa em 2008, nos bastidores de um teatro em Dusseldorf, onde era convidada da Pina Bausch. Foi aí que tudo se alinhou de forma realmente poderosa. aSH é o opus final na trilogia de retratos de mulheres iniciada dez anos antes com Questcequetudeviens? (2008) e que continuou com Plexus (2012). Nessa trilogia, não tomo como ponto de partida o espaço, que é o meu tema habitual no teatro, mas uma mulher, uma pessoa com uma história, um ser vivo que se revela através da dança. Xiva, o deus da dança, habita a Shantala Shivalingappa. De acordo com a literatura, Xiva tem mais de mil nomes. É um deus de criação e destruição. A cinza [ash] não é apenas o resíduo sólido da combustão perfeita, é aqui um processo. Faz parte de um ciclo de nascimento e morte que começa do nada – o início de qualquer forma no teatro – e tende para uma forma efémera antes de desaparecer. A dança de Shantala assemelha-se a um kolam, um desenho feito no chão com farinha de manhã, destruído pelo vento durante o dia e refeito no dia seguinte. Círculos, pontos, simetrias, espirais, fractais… a dança dela parece ser uma representação da própria estrutura do mundo. Em aSH, título formado com as iniciais do primeiro e último nomes dela, gostaria que o espaço tivesse todo um ritmo. Gostaria que o espaço começasse por se exprimir como uma vibração, a qual é depois apanhada, transformada e prolongada indefinidamente pelo percussionista Loïc Schild. A dança de Shantala baseia-se na sua viagem da Índia para a Europa, do kuchipudi a Pina Bausch, de Xiva a Dionísio, deus do teatro, que alguns dizem descender do mesmo deus. Shantala está sempre a viajar entre Madrasta, onde nasceu, e Paris, onde vive. A sua dança é um pêndulo perpétuo, muito à semelhança do nosso encontro: algures entre a mística hindu e a física quântica. – Aurélien Bory

Mohammad Reza Mortazavi

18/01/2020

Mohammad Reza Mortazavi nasceu no Irão em 1978. Iniciou as aulas de tombak aos 6 anos e, aos 9, já dominava o instrumento ao nível dos maiores mestres. Ainda criança, venceu a competição anual iraniana de tocadores de tombak, onde apenas os melhores instrumentistas são avaliados. Aos 20, já era considerado por muitos um dos melhores tocadores de tombak e daf - instrumentos tradicionais de percussão persa. Construiu uma reputação infame entre os mais canónicos percussionistas persas ao desenvolver mais de 30 novas técnicas de tocar os instrumentos tradicionais da região ao mesmo tempo que esgotava as salas de concertos de Teerão. Tornou-se numa figura de relevo dos circuitos da música de raízes, tocando nos maiores festivais ao longo de mais de duas décadas. Em 2017, editou com Burnt Friedman o EP Yek; em 2018, um outro EP, desta vez a solo, na editora portuguesa Padre Himalaya; e, em 2019, o LP Ritme Jaavdanegi na francesa Latency. Estas três edições provaram-se cruciais ao introduzirem os seus ritmos ao universo das vanguardas da música eletrónica, experimental e de dança. Mohammad Reza Mortazavi é um desses raros músicos capazes de aproximar os conceitos tantas vezes distantes de vanguarda e tradição. Somente com as mãos, produz o que se poderia apenas esperar de um pequeno ensemble de percussionistas, processado e polido pelo mais meticuloso engenheiro sonoro.